Após desastres com milhares de desabrigados, chuvas continuarão a castigar o Brasil nos próximos dias
2 de dezembro de 2022No Espírito Santo, número de desalojados em decorrência de catástrofes naturais ultrapassou de dois mil; precipitações também impactam moradores de São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Santa Catarina
Um relatório desenvolvido pelo Instituto Nacional de Meteorologia – órgão veiculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – e divulgado nesta quinta-feira, 1º, ressalta a importância do cuidado com possíveis desastres naturais nos próximos dias em grande parte do Brasil. Isso porque chuvas intensas estão programadas para ocorrer em decorrência da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e da umidade oriunda do oceano para o continente. A sigla refere-se a uma persistente banda de nebulosidade que se estende da Amazônia até o Oceano Atlântico e com forte atuação no período da primavera, sendo um dos principais repositores hídricos neste período. Com isso, aumentam o número de dias chuvosos e com grande volume de precipitação, causando, assim, grandes impactos, como alagamentos, transbordamentos de rios e córregos e deslizamentos de terra. É esperado que a Zona de Convergência continue a castigar o noroeste da Região Norte, áreas central e extremo sul da Bahia até o leste das regiões Sudeste e Sul até, ao menos, a próxima segunda-feira, 5.
Na região Norte do país, é previsto que chuvas acima dos 20 milímetros despenquem sobre grande parte do território brasileiro. Nas cidades localizadas em Roraima, oeste do Acre e sul do Amapá o acumulado não ultrapassará os 10mm. No entanto, áreas central e leste do Amazonas, central e sul do Pará e do Tocantins e norte de Roraima deverão receber chuvas acumuladas superiores a 80 mm. No Nordeste, ocorrerá maior concentração de chuva no centro-sul da Bahia e nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que também receberão um volume acima dos 80mm. Ao Centro-Oeste, há a previsão de um acumulado de chuvas no Mato Grosso, divisa com Goiás e Distrito Federal de mais de 70 mm nestes próximos dias, enquanto cidades do Mato Grosso do Sul e sudoeste de Mato Grosso sofrerão de instabilidades e deverão ser atingidas por 20 a 50mm de precipitação. No Sudeste, um canal de umidade na região favorecerá grandes acumulados de chuva maiores que 50 mm. São Paulo, sul e nordeste de Minas Gerais e do Espírito Santo sofrerão um impacto de chuvas acima dos 80mm de acumulado. A região oeste de São Paulo e centro-oeste de Minas Gerais deverá receber um volume pouco menor. No Sul, o sudoeste do Rio Grande do Sul, e leste do Paraná e Santa Catarina será seriamente impactado com um volume acima dos 80mm de chuvas, e as demais áreas terão um impacto menor, com 20 a 50mm.
Consequências naturais
Enquanto passam-se os dias, aumenta o número de pessoas impactadas pelas fortes chuvas. Na Bahia, o número de impactados, segundo nota da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) divulgada nesta quinta, ultrapassou os 52 mil. No total, são 37 municípios fortemente atingidos e que sofreram as consequências dos desastres naturais, como foco em nove delas – Prado, Baixa Grande, Itabuna, Santa Cruz Cabrália, Cícero Dantas, Ibicuí, Itambé, Nova Viçosa e Vereda – que encontram-se em situação de emergência. Já o Estado do Espírito Santo acumula mais de 2 mil pessoas desabrigadas pelas fortes precipitações desde o dia 24 de novembro, além da morte de um rapaz de 57 anos confirmada. De acordo com boletim divulgado pela Defesa Civil, a cidade de Fundão (ES) registrou, nas últimas 24 horas, mais de 225mm de chuvas. O território paulista também sofreu com deslizamentos de terra após receber, de maneira ininterrupta, fortes chuvas. A rodovia SP-193, que liga a cidade de Jacupiranga a Eldorado, na região do Vale do Ribeira, foi interditada após toneladas de barro invadirem a via em um deslizamento. No local, um ônibus e dez carros ficaram presos em decorrência do acidente com causas naturais.
Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés falou com a imprensa e ressaltou que, embora as chuvas tenham diminuído, os riscos para possíveis desastres continuam altos: “Somos um estado com recorrência em catástrofes e eventos da natureza, temos que aprender a conviver com isso. A gente mitiga o risco, mas não o elimina. Tanto que, neste evento, já tivemos dois óbitos e talvez já um terceiro”. Enchentes ocorridas no Estado devastaram casas e levaram bens materiais como carros, móveis e eletrodomésticos. No Estado do Paraná, o governador Carlos Massa Ratinho Junior visitou uma área impactada pelo deslizamento de terra na BR-376, no KM 669, em Guaratuba e alertou que a área atingida não era considerada de risco. “O que houve foi um deslocamento de uma parte do morro, da parte de cima de trás, que empurrou toda aquela montanha de terra para baixo, com esse encharcamento que aconteceu no topo do morro”, pontuou.