PF: equipe de Zambelli pagou R$ 13.500 via Pix para hacker da Vaza Jato
2 de agosto de 2023Delgatti Neto, que ficou famoso ao invadir celulares dos procuradores da Lava Jato, teria sido pago pela deputada bolsonarista para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e produzir um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Com base nesses indícios, a PF cumpre nesta quarta-feira busca e apreensão em endereços da parlamentar. A PF também apura se também houve pagamentos em dinheiro vivo para o hacker, como ele próprio disse em depoimento.
Essas informações foram confessadas pelo próprio hacker em depoimento aos investigadores. Delgatti é o mesmo que invadiu o telefone celular de procuradores da Lava-Jato e vazou diálogos entre eles, que resultaram no caso conhecido como Vaza-Jato.
Delgatti disse aos investigadores que “foi pago para ficar à disposição da deputada” e citou nomes de um assessor e um motorista da deputada responsáveis pelos repasses em dinheiro e em PIX. Ele também autorizou a PF a acessar seu extrato bancário para obter o registro do Pix.
O hacker ainda detalhou em depoimento como acertou com Zambelli a emissão do mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes.
Disse à deputada que conseguiria emitir um mandado de prisão em desfavor do próprio ministro, como se fosse ele mesmo emitindo. A deputada ficou ’empolgada’, fez o texto e enviou para o declarante publicarTrecho de depoimento de Walter Delgatti Neto à PF
Ainda no seu relato, o hacker disse que a ideia do mandado falso partiu dele, em razão de um medicamento que toma para distúrbios psiquiátricos, mas que Zambelli produziu o texto do mandado e teria repassado à imprensa a minuta desse mandado de prisão. Segundo ele, o pedido inicial da deputada foi para que invadisse o sistema das urnas eletrônicas, mas Delgatti relata ter tentado executar essa operação e constatado que era impossível o acesso externo a esse sistema.
No fim do ano passado, durante a campanha eleitoral, Zambelli chegou a levar Walter Delgatti para um encontro com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Outro lado
Em nota à imprensa, Carla Zambelli afirmou que recebeu “com surpresa” a ação da Polícia Federal e negou ter cometido irregularidades.
“A medida foi recebida com surpresa, porque a deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias e em nenhum momento a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades. Respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito. Por fim, a deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência”, afirmou em nota.
De: uol