Salários no MS são 25% abaixo da média nacional

Salários no MS são 25% abaixo da média nacional

8 de agosto de 2023 0 Por lideranca

Com média de R$ 1.831,53 de salário inicial pago em Mato Grosso do Sul, trabalhadores recebem R$ 471,67 (25,7%) a menos do que os que moram em São Paulo, que tem a maior média salarial do País. Os dados são um recorte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e referem-se ao primeiro semestre deste ano.

Entre as três maiores médias salariais, São Paulo ocupa o primeiro lugar do ranking, com maior base salarial para novos contratos, R$ 2.303,20, seguido pelo Rio de Janeiro e por Goiás, ambos com remuneração inicial de R$ 2.120,32.

Nesse contexto, Mato Grosso do Sul ocupa o 11º lugar entre as unidades federativas (UFs) do País, logo abaixo do Espírito Santo, com remuneração inicial de R$1.835,04, obtendo diferença mínima no comparativo com os capixabas.

O mestre em Economia Lucas Mikael comenta que é preocupante o contexto de inferioridade em relação à disparidade econômica. “Isso pode ter implicações importantes para o padrão de vida e o desenvolvimento regional a longo prazo”.

Mikael ressalta ainda que as diferenças são motivadas por fatores sociais e políticos, incluindo diferenças no custo de vida.

“Estados com custo de vida mais alto tendem a oferecer salários mais altos para compensar os maiores gastos, assim como o nível de desenvolvimento regional, em que a infraestrutura mais desenvolvida, educação de qualidade e melhor acesso a serviços tendem a ter empregos mais bem recompensados”.

A diferença de Mato Grosso do Sul para outros estados também pode ser explicada pelo mínimo regional. Estados como Paraná e São Paulo têm legislação específica para definir o piso salarial mínimo.

O economista Eduardo Matos complementa frisando que a discrepância em relação a MS se deve não apenas a um fator, mas a uma série de variáveis.

“Em primeiro lugar, o dinamismo econômico. Se notarmos as regiões que melhor remuneram os trabalhadores, vemos que são locais com grande número de empresas, o que gera concorrência entre elas por mão de obra, obrigando-as a terem salários mais atrativos”, aponta.

No âmbito regional, o economista salienta que, historicamente, o salário no Estado é mais baixo do que o de UFs do Sudeste e Sul.

“Também é mais baixo do que a média do Centro-Oeste, em compensação, temos um dos menores custos de vida da região, e comparando com os grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, o custo de vida sul-mato-grossense é demasiadamente mais baixo”, afirma Matos.

Os economistas apontam que a redução dessas diferenças requer esforços conjuntos tanto do setor público quanto do setor privado de Mato Grosso do Sul, para que seja promovido um desenvolvimento mais equilibrado.

REGIÕES

Ao considerar o Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul figura na penúltima posição (R$ 1.831,53), com a menor base salarial para iniciantes no mercado de trabalho, ficando à frente apenas do Distrito Federal com R$ 1.777, 01.

Já no ranking de melhores pagamentos para a região estão: Goiás, com R$ 2.120,32, e Mato Grosso, com R$1.962,15.

O levantamento do Caged aponta também a divergência acentuada entre regiões, com destaque para o Sudeste e Sul do País, onde a disparidade é menor no comparativo entre as localizações geográficas.

Sobre o panorama, Matos destaca um dos fatores que corroboram a situação.

“Adicionalmente, o custo de vida no Sudeste e parte do Sul [destaque para SC] é mais elevado do que nas demais regiões, por isso, o salário deve compensar, até mesmo para atrair trabalhadores de outras regiões”, pondera o economista.

Ainda falando sobre o patamar mais elevado em outras regiões brasileiras, Matos ressalta que o grande número de empresas e o ambiente empresarial plural, com muitos setores de atuação e até mesmo mais intensivos em tecnologia, “implicam uma maior demanda de profissionais, sendo esses mais qualificados, que por norma devem ser mais bem remunerados”.

Os marcadores do Caged para o sexto mês do ano mostram que no Sudeste a média inicial é de R$ 2.165,83, e na Região Sul, R$1.960,98. A Região Nordeste obteve a menor média salarial no semestre, de R$ 1.722,29.

AUMENTO

Na comparação nacional, ao considerar a maior e a menor média, a variação entre os salários é de 45,6%, considerando que São Paulo (R$ 2.303,24) tem a maior média e a Paraíba tem a menor (R$ 1.581,49), os dois extremos da pesquisa, que resultam em diferença de R$ 721,75.

No Brasil, a média do salário inicial recebido pelos profissionais aumentou 2,5%, para R$ 2.015,04. A Região Centro-Oeste teve aumento de 4,40% na remuneração média no primeiro semestre de 2023, chegando a R$ 1.883,02.

“Na região, o aumento para esse recorte temporal se deve à atividade econômica, que está se aquecendo, fazendo com que as empresas optem por remunerar melhor e atrair mão de obra”, avalia Mikael e finaliza.

“Outro ponto é justamente a baixa oferta de trabalhadores no mercado. Muitos setores estão sofrendo para contratar, como acontece em Ribas do Rio Pardo, onde há uma forte demanda por mão de obra especializada e pouca disponibilidade de profissionais”. (correiodoestado)